Canguaretama/RN: Busca Ativa Escolar tem a missão de acolher crianças e adolescentes em situação de exclusão escolar
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Equipe municipal da BAE tem um olhar atento para as questões de acesso, aprendizagem e distorção idade/série; na foto, capacitação com os/as coordenadores/as pedagógicos/as das escolas municipais de Canguaretama
(Re)matricular e abrir as portas das salas de aulas para crianças e adolescentes que estão fora da escola são etapas importantes no enfrentamento à exclusão escolar, mas não são suficientes. Para a equipe municipal da estratégia Busca Ativa Escolar (BAE) em Canguaretama/RN, também é necessário identificar os desafios desses meninos e dessas meninas – especialmente, quando a distorção idade/série é significativa – a fim de definir soluções que resultem em permanência e aprendizado. Para eles, essas medidas podem ser resumidas com uma palavra: acolhimento.
“Nossa atuação vai muito além da simples identificação do estudante fora da escola. Realizamos um trabalho minucioso e de bastidores que exige um olhar técnico para as complexidades familiares. É através da escuta ativa e sem julgamentos que conseguimos, de fato, identificar e compreender os motivos reais que levaram à evasão", avalia Janaína Araújo, técnica verificadora da BAE em Canguaretama e assistente social da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC).
"A escola é a porta para a realização de sonhos e, para cumprir essa missão, precisa ser, primordialmente, um espaço de acolhimento e diálogo. A afetividade e o respeito à diversidade são os pilares para garantir a permanência do aluno e formarmos agentes de transformação da sociedade", acrescenta Janine Gonçalves, técnica verificadora e psicóloga da SMEC.
Dia a dia
A equipe da SMEC recebe os alertas encaminhados pelos agentes comunitários e gerados a partir do Relatório de Estudantes Não Localizados, que utiliza dados do Censo Escolar; e faz a gestão dos casos, o que inclui visitas às famílias, a fim de viabilizar as (re)matrículas. Nesse processo de visitação familiar, a escuta ativa qualificada para compreender as razões da evasão escolar e acolher meninos e meninas, é fundamental.
Ainda na gestão dos casos, os profissionais envolvidos na estratégia são orientados a monitorar a frequência e a aprendizagem dos alunos e alunas e, quando necessário, enviar as situações mais complexas para os órgãos da Assistência Social, da Saúde e o Conselho Tutelar.
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O monitoramento da frequência escolar é realizado diariamente pelos gestores, coordenadores pedagógicos e professores das escolas, que fazem o primeiro contato com as famílias de estudantes que tiveram faltas injustificadas. Esgotados os recursos das unidades escolares, a equipe da estratégia é acionada. Cabe destacar que os profissionais da BAE no município forneceram os instrumentais e modelos para as escolas identificarem as situações que exigem atenção e notificarem os familiares.
"A metodologia da Busca Ativa Escolar é incrível. Ela é a prova de que as políticas públicas podem ser materializadas pela intersetorialidade. Em nossos encontros formativos, buscamos ampliar a consciência sobre as raízes históricas e sociais da educação, objetivando a consolidação de uma rede na qual cada profissional tenha clareza do seu papel na garantia de direitos fundamentais", destaca Samara Amaral, coordenadora da BAE no município potiguar.
Aprendizagem
Com uma população de 0 a 14 anos de 7,2 mil pessoas (IBGE, 2022), das quais 5,2 mil estão matriculadas no Ensino Fundamental (IBGE, 2024), o município potiguar aderiu à estratégia, pela primeira vez, em 2018. Desde então a equipe municipal gerou na plataforma da BAE quase mil alertas, acompanhou 850 casos e realizou mais de 400 (re)matrículas, sendo que efetivamente cerca de 300 alunos/as se mantiveram matriculados/as.
Umas das principais preocupações da equipe municipal da BAE em Canguaretama, segundo o supervisor institucional Altair Pereira, é identificar as barreiras para a aprendizagem.
“Analisamos o rendimento escolar por amostragem para fornecer orientação estratégica às unidades. Nosso objetivo é apoiar as escolas na implementação de estratégias pedagógicas que elevem o desempenho dos estudantes, em um trabalho preventivo contra o abandono e a evasão escolar”, explica Altair Pereira.
Segundo o Painel da Exclusão Escolar, com base em dados de 2022 do Censo Demográfico/IBGE, 368 crianças e adolescentes de 4 a 17 anos não frequentam escola em Canguaretama. A maior parte é do sexo feminino (198) e de pretos, pardos e indígenas (210), apesar da diferença ser pequena com relação aos brancos e amarelos (158). Além disso, dos 368, 178 têm 4/5 anos e 133 de 15 a 17 anos.
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Com imagens da SMEC.