Equipes estaduais da Busca Ativa Escolar se reúnem em Salvador

Encontro ocorre nos dias 30 e 31 de julho de 2025 e discute desafios, boas práticas e inovações na estratégia de enfrentamento da exclusão escolar
O UNICEF e a Undime realizaram, nos dias 30 e 31 de julho de 2025, o ‘Encontro dos Estados na Busca Ativa Escolar’, em Salvador (BA). A reunião foi realizada logo após o 20º Fórum Nacional da Undime, aproveitando que dirigentes e profissionais de Educação estariam na capital baiana para acompanhar o evento. Participaram do encontro da BAE coordenadores operacionais dos 21 estados adesos, coordenadores institucionais das 26 seccionais da Undime, a equipe de Educação do UNICEF Brasil e membros da Undime Nacional. O objetivo é discutir, desafios, boas práticas e inovações na estratégia de enfrentamento da exclusão escolar.
A abertura do encontro foi realizada por Mônica Pinto, chefe de Educação do UNICEF Brasil, e Anderson Passos, dirigente municipal de Educação de Aratuípe (BA), presidente da seccional Bahia da Undime e secretário de Finanças da Undime. Passos falou sobre a importância do regime de colaboração de estados e municípios para que crianças e adolescentes em situação de exclusão escolar sejam alcançados pela estratégia e permaneçam na escola.
“A gente tem que ter um cuidado não só com o acesso [à escola], mas um cuidado importante com a permanência, aprendizagem e a conclusão [dos estudos]. Não adianta só trazer os alunos [para a sala de aula], a gente precisa também de formação continuada dos professores para realizar um trabalho contextualizado e significativo para evitar a evasão”, ponderou o dirigente municipal de Educação de Aratuípe.
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Panorama
A chefe de educação do Unicef traçou um panorama da exclusão escolar no Brasil, e destacou que os principais desafios estão relacionados às crianças de 0 a 3 anos e de 14 a 17 anos. “Ao avaliar os dados, percebemos que temos um grande problema nas pontas: temos crianças de 4 e 5 anos fora da escola e os adolescentes a partir de 15 anos”, disse Mônica Pinto. “Pela nossa LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional], os dois últimos grupos que a gente determinou, enquanto sociedade, que a escola era obrigatória foram exatamente esses. Então, a gente ainda está correndo, no século XXI, em busca [de corrigir] esse atraso”.
Segundo os dados apresentados pela especialista, o trabalho infantil e a violência são razões que afastam crianças e adolescentes da sala de aula. Outro motivo é o desinteresse pelos estudos, justificativa que aparece em mais de 230 mil dos casos de abandono escolar cadastrados na plataforma da Busca Ativa Escolar.
“A gente sabe que por traz do desinteresse tem uma série de coisas, como o próprio desinteresse pela escola, a dificuldade em aprender, questões socioemocionais, mas muitas vezes, por traz deste motivo há uma série de vulnerabilidades camufladas. A exclusão escolar é multidimensional”, afirma Mônica Pinto.
Entre os adolescentes do gênero masculino, o trabalho e situações de violência, como bullying, e falta de segurança, especialmente, nos centros urbanos, são as questões que mais influenciam o abandono escolar. Já entre as adolescentes do gênero feminino, o trabalho é um fator determinante para o abandono dos estudos, mas as razões mais frequentes são a gravidez precoce e tarefas domésticas e cuidados com familiares.
“A intersetorialidade é uma estratégia essencial, no caso brasileiro, para garantir que a criança volte e permaneça na escola, aprendendo e feliz”, ressalta Mônica Pinto.
Equipe de Educação do UNICEF realiza dinâmica com os coordenadores estaduais da BAE
Avaliação
Daniella Rocha, oficial de Educação do UNICEF, detalhou os resultados da avaliação aplicada entre gestores e coordenadores da BAE nos estados e municípios, a fim de compreender como a metodologia e a plataforma estão sendo utilizadas e qual a efetividade da estratégia no enfrentamento da exclusão escolar no país. Ao todo, 2,5 mil profissionais responderam ao questionário desenvolvido para a pesquisa e outros 170 foram entrevistados pela equipe do levantamento.
Segundo os resultados da pesquisa, nos últimos quatro anos estados e municípios se aproximaram, por meio do fortalecimento do regime de colaboração. Apenas 11% dos municípios dizem que não receberam algum tipo de apoio de seus estados, que varia desde assessoria prévia até mobilização para adesão. Por outro lado, aprovam a participação dos estados na Busca Ativa Escolar 61% dos municípios entrevistados.
“A gente sabe que fortalecer o regime de colaboração é essencial para garantir o direito à educação. A criança e o adolescentes são munícipes e a vida acontece no município, que precisa de uma boa articulação com o estados, um ente articulador de políticas públicas importantes. Então, para a estratégia esse é um dos pilares que a gente trabalha com as equipes”, avalia a oficial de Educação.
Apesar dos avanços, ainda há desafios a serem superados: somente 47% dos estados afirmaram fazer acompanhamento de casos conjuntamente com os municípios; e menos de 45% da rede estadual oferece apoio ou fomento para a Educação Infantil nos municípios.
Os entrevistados ainda apontaram outras barreiras para a efetividade da estratégia nos estados e municípios, como falha de comunicação intergovernamental, baixo suporte financeiro dos estados aos municípios e ausência de articulação no processo de transição escolar.
“O abandono escolar aumenta, sobretudo, na transição dos estudantes do Ensino Fundamental II para o Ensino Médio, e é possível por meio da Busca Ativa Escolar não perder esses meninos e meninas. Basta as redes municipais e estaduais se articularem e fazer o controle, conjunto, de quantos alunos migram de uma rede para outra”, explica Daniella Rocha.