“É muito bom a pessoa aprender”

Em meio à pandemia da covid-19, a família de Aylla Beatriz, de 9 anos, saiu de Primavera do Leste, no Mato Grosso, com destino ao Rio Grande do Sul, em busca de melhores do condições de vida. No sul do Brasil, os pais da menina tinham promessa de um novo trabalho que pudesse enfim dar o conforto que sonhavam para viver com os filhos. Porém, passados alguns meses, os desafios se mostraram maiores do que eles podiam imaginar e a família retornou para o estado de origem. No meio de tantas mudanças e dificuldades, Aylla acabou ficando fora da escola.

“Mãe, arruma uma vaga para mim”, pedia a menina, que não queria parar de estudar. A família tentou matrícula em algumas escolas da região, que alegaram, ainda que tivessem obrigação legal de oferta, não possuir vaga. E foi ao procurar ajuda no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do município que encontrou o apoio para solucionar a situação, e o pedido de Aylla pôde ser atendido.

A equipe do Cras faz parte da Busca Ativa Escolar de Primavera do Leste e fez um alerta na plataforma tecnológica da estratégia, comunicando que haviam encontrado uma criança fora da escola. 

“A família da Aylla chegou aqui para atualização do Cadastro Único e para ser atendida pelos serviços oferecidos pelo Cras. Durante o atendimento, foi relatado que ela estava fora da escola. Foi então que inserimos a Aylla na Busca Ativa Escolar”, conta Maria da Glória, agente comunitária da estratégia pelo Cras. “Nós explicamos para a família como funcionava o Busca Ativa Escolar e, após as orientações, demos início ao processo de inserção da Aylla em uma sala de aula”.

Após o atendimento, o Cras acionou a Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste para viabilizar o retorno de Aylla para a escola. “Quando chegou o alerta na plataforma do Busca Ativa Escolar, nós fomos atrás da escola. Primeiramente tentamos na rede municipal, mas, naquele momento, não havia condições. Por meio das articulações, conversamos com o Estado, então conseguimos uma vaga para ela em uma escola no centro da cidade”, conta Gracieli Bruschi, coordenadora operacional da Busca Ativa Escolar.

“Ela é uma criança que tem sonhos, e a família também tem esse sonho de a criança estudar, independente da situação financeira que ela passa. Então chamou a atenção, no mês de setembro, a menina fora da escola. Fomos entender os motivos, uma questão toda intersetorial. Com a ajuda do Cras, entendemos a situação da família, para que pudesse ser atendida e ser ajudada”, completa.

Transporte

Após ter a vaga garantida, mais um desafio apareceu na vida escolar de Aylla Beatriz: a escola no centro da cidade era longe da casa dela. “Não era só uma vaga, a gente precisava saber também como ela chegaria até a escola. Foi quando conversamos com o setor de transporte, articulamos essa questão com a família, para que ficasse boa para ela. Conseguimos um transporte que passasse próximo da casa e deixasse na porta da escola”, afirma Gracieli.

Com vaga e transporte garantidos, Aylla agora vibra com as conquistas que tem feito em sala de aula e os novos colegas. “Fiquei muito alegre. É muito bom a pessoa aprender, estudar”, diz. Leda Dayana, tia de Aylla, que acompanha de perto o desenvolvimento da sobrinha, diz que a adaptação na escola foi rápida graças ao empenho da menina. “Ela é inteligente, estudiosa e está amando a escola. E todo mundo amou ela!”.

Busca Ativa Escolar

A Busca Ativa Escolar é uma iniciativa do UNICEF e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Para a Busca Ativa Escolar, o UNICEF conta com os parceiros estratégicos Itaú Social, B3 Social, BRK, Accenture Brasil, YouTube e ADM, com o parceiro Americanas e o apoio de Oriba.

Foto: UNICEF/BRZ/Glaucia Almeida