Brasil reitera compromisso pela alfabetização em evento com Ministros de Educação da América Latina
Implementar políticas públicas que promovam a recuperação das aprendizagens e a transformação da Educação na América Latina e no Caribe. Esse foi o pedido do Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF) para ministros e ministras da Educação de 33 países da região reunidos nesta quinta-feira (25), em Santiago, no Chile, para a Reunião Extraordinária Ministerial de Educação. O Brasil esteve presente no evento, incluindo a participação em uma mesa organizada pelo UNICEF em que foi destacada a importância de retomada da alfabetização no País, com ênfase no Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
“Diante das evidências coletadas pelos países da América Latina e do Caribe sobre a aprendizagem dos estudantes de Educação Básica após a pandemia da covid-19, Ministros de Educação e de Finanças, UNICEF, Unesco, Cepal, CAF, Banco Mundial, sociedade civil e jovens se mobilizaram para debater desafios e soluções que precisam ser implementadas urgentemente na região”, explicou Mônica Dias Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil, que estava presente no evento.
Na mesa intitulada “Reativação e Recuperação da Aprendizagem Básica”, a secretária-executiva do Ministério da Educação do Brasil (MEC), Izolda Cela, compartilhou a experiência do País na recuperação de aprendizado pós-pandemia a partir do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Lançado após a identificação do aumento no número de crianças não alfabetizadas na idade certa no País, o compromisso quer garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do 2° ano do Ensino Fundamental, além da recompor o aprendizado daquelas de 3º, 4º e 5º anos afetadas pela pandemia.
“Temos que ter o sentido de urgência em relação aos desafios da Educação Básica. Até porque eles já existiam antes da pandemia e só se agravaram. O Brasil tem como foco/priorização três políticas nacionais: educação em tempo integral, alfabetização de todas as crianças e conectividade em todas as escolas”, destacou a secretária-executiva do MEC.
Izolda chamou a atenção, também, para a necessidade de se trabalhar constantemente com base em dados de avaliação. Segundo ela, o gestor precisa ter evidências em sua mesa para a tomada de decisão, analisando o que está dando resultado e o que precisa ser aprimorado para garantir a aprendizagem de todos. “Avanços, mesmo em realidades muito pobres, foram possíveis dessa forma. As políticas públicas não devem ser pensadas para atuar “na ponta”, mas sim no centro de tudo, que são as escolas e salas de aula. São elas o verdadeiro centro de toda a política pública”, complementou.
Mônica Dias Pinto, do UNICEF, trouxe à discussão a importância de olhar para o presente e o futuro. “É preciso promover a aprendizagem de habilidades fundamentais de um grande contingente de estudantes que não conseguiram avançar nos últimos anos. Também é preciso considerar que a escola precisa ser um espaço mais desafiador e interessante para crianças, adolescentes e jovens que vão viver em um mundo diferente, promovendo propostas pedagógicas alinhadas com o desenvolvimento de habilidades digitais, resolução de problemas e construção de um mundo mais sustentável”, defendeu.
Durante o evento, o governo brasileiro também referendou o Compromisso para Ação sobre a Aprendizagem Básica, documento no qual assumiu o dever de garantir que todas as crianças tenham acesso a uma Educação Básica de qualidade, assim como aplicar os mecanismos necessários para alcançar nas metas do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4: “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos".
A reunião contou ainda com a disseminação, via UNICEF, de uma carta aberta escrita por representantes das juventudes da América Latina para os ministros, ministras e seus representantes presente no encontro. No texto, adolescentes e jovens de 17 países sugeriram sete prioridades para o debate na reunião interministerial e pediram que suas perspectivas fossem consideradas nas discussões sobre como recuperar e transformar a educação no continente. A carta está disponível em inglês e em espanhol.
A Reunião Extraordinária Ministerial de Educação foi convocada pelo Ministério da Educação do Chile e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e co-organizado pelo UNICEF, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (CAF), o Banco Mundial e a CEPAL.
* Foto: CEPAL
* Fonte: UNICEF Brasil